Frente Parlamentar Estadual da Coleta Seletiva
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Assembléia Legislativa de São Paulo

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

“Lixo hospitalar” também pode ser reciclado e gerar economia


Palavras e expressões como desenvolvimento sustentável, reciclagem e reutilização de materiais, se tornaram mais comuns. Mas algo ainda é desconhecido por boa parte das pessoas. Ao contrário do que se pode imaginar, o chamado “lixo hospitalar” – a nomeclatura correta é resíduos de serviço de saúde (RSS) –, também pode ser reciclado ou reutilizado, em vários casos. Um estudo feito por um servidor público da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) demonstrou que 91% do volume de resíduos produzidos poderia ter esta destinação.
“As pessoas lembram-se dos resíduos hospitalares apenas como material biológico ou radioativo, capazes de provocar danos. No entanto, um volume expressivo do resíduo produzido é de material que não sofreu nenhuma interação, sem qualquer contaminação. No entanto, eles são descartados da mesma forma que os resíduos biológicos, por meio da incineração ou outra forma cara”, explica André Luiz Pereira, técnico do programa Aliança pela Vida.
A pesquisa foi realizada em um trabalho acadêmico defendido em banca de mestrado. Posteriormente, foi publicado no livro Logística reversa e sustentabilidade. Um artigo sobre o tema foi publicado na Revista Conexão Academia, sendo finalista do Prêmio Pesquisa Acadêmica Abrelpe 2011.
De acordo com Pereira, a incineração é uma forma de descarte que encarece os custos e poluente, em virtude da liberação de gases, inclusive levando-se em conta o transporte dos resíduos em longas distâncias. “Além de ser mais caro em si, há a questão da economia proveniente da destinação mais adequada. Há o aumento do volume de material descartado, requerendo maiores investimentos do poder público na construção e ampliação de aterros. Outro montante de valores poderia ser economizado, se RSS que não precisam de tratamento especiais não fossem incorretamente classificados, deixando de ir para locais de tratamento diferenciado e mais caro incorretamente”.
O estudo, que consolidou os dados e informações coletadas em 127 hospitais que integravam o Pro-Hosp, apontou que nestas instituições poderia ocorrer uma economia de mais de R$ 2,2 milhões, considerando-se a soma das instituições pesquisadas.
Metodologia do estudo
Em 2009 foi realizada a análise da logística reversa de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) dos hospitais Pro-Hosp de Minas Gerais. A pesquisa averiguou as práticas em relação aos insumos hospitalares antes de tornarem-se resíduos até a destinação final. Os 127 hospitais Pro-Hosp foram convidados a responder a um questionário e dados secundários foram cedidos pela SES.
Logística reversa é a área que trata, genericamente, do fluxo físico de produtos, embalagens ou outros materiais, desde o ponto de consumo até ao local de origem, reciclagem, reuso ou destinação final adequada. Os processos de logística reversa existem há tempos; entretanto, não eram tratados e denominados como tal. Como exemplos de logística reversa, temos: o retorno das garrafas, a recolha/coleta de lixos e resíduos recicláveis.
Atualmente é uma preocupação constante para todas as empresas e organizações públicas e privadas, tendo quatro grandes pilares de sustentação: a conscientização dos problemas ambientais; a sobrecarga dos aterros; a escassez de matérias primas; as políticas e a legislação ambiental. “A novidade é aplicar estes conceitos na gestão hospitalar, o que contraria o modelo de descarte mais freqüente atualmente”.
Segundo André Pereira, em um Estado empreendedor, que desenvolve ações em prol da coletividade, é preciso agregar valor à cadeia de resíduos, promovendo a saúde, mitigando agravos e respeitando o meio ambiente. “O SUS pode, assim, gerenciar os Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS), de maneira a prevenir os riscos (biológicos, químicos, perfuro-cortantes, radioativos), impedindo que se transformem em danos à saúde e agravos a população”.

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